Nada é mais injusto do que uma legislação que não dialoga com a realidade, afirma ministro do TST, durante seminário de sobre mineração subterrânea

Seminário em Brasília mostra que automação, novos sistemas de monitoramento e protocolos rigorosos reduzem riscos e ampliam eficiência na mineração subterrânea

Sistema “lanterna” permite monitorar em tempo real a localização de cada trabalhador e agilizar a evacuação do subsolo em caso de emergência.
Durante evento sobre mineração subterrânea promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), no dia 23 de setembro, o primeiro painel foi moderado pela diretora técnica da ABPM, Celeste Queiroz, e tratou da tecnologia e segurança no trabalho em minas subterrâneas. O painel contou com a participação de Alan Motta Silva, coordenador de Planejamento de mina da Jacobina Mineração (Pan American Silver), Antônio Moura, Gerente de Saúde, Segurança do Trabalho & Riscos da Oz Minerals, Sidney Sávio de Almeida, Coordenador de Engenharia e Planejamento de Mina da Equinox Gold, e Henrique Vigário, gerente global de geologia da Vale Base Metals.
As apresentações mostraram que o trabalho em minas subterrâneas se tornou mais seguro e eficiente com o uso de tecnologia de ponta. Sistemas de perfuração, sensoriamento sísmico e automação reduzem a necessidade de presença constante de trabalhadores no subsolo. A contenção de riscos também evoluiu, com recursos como supressão de incêndio, ventilação, comunicação, câmaras de refúgio e rotas de fuga em situações extremas.
Modernização da mineração subterrânea
Sidney Sávio de Almeida, da Equinox Gold, lembrou que a legislação CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas, de 1943), ainda reflete uma realidade ultrapassada, quando os trabalhadores ficavam expostos em ambientes de risco. Hoje, parte relevante das operações é feita à distância, a partir de cabines seguras e confortáveis. “O risco hoje está dentro da máquina, e o trabalhador fica de fora dela”, explicou, acrescentando que controles mais leves e ergonomicamente desenhados diminuem a fadiga física.
Na mesma linha, Antônio Moura, da Oz Minerals, reforçou que a segurança é prioridade nas minas do Pará, onde a empresa atua. Além do uso de equipamentos modernos, ele destacou protocolos de rotina e até testes neuropsicofisiológicos para avaliar o estado físico e mental dos operadores antes das jornadas. “Sair pessoas com integridade física e saúde é mais importante que a saída do minério”, afirmou.

Antônio Moura destaca que a segurança do trabalhador é mais importante que a extração do minério.
Allan Motta Silva, da Pan American Silver, apresentou as tecnologias empregadas nas três minas subterrâneas da empresa em Jacobina (BA). Ele citou o sistema “lanterna”, que permite monitorar em tempo real a localização de cada trabalhador e agilizar a evacuação em caso de emergência. Além disso, conta também com sistema antifadiga. “Emite alerta de cansaço, sonolência, e evita ocorrências com operadores”, explica Silva.
Nos equipamentos, há o sistema anticolisão, sistema de detecção de atividade microssísmica, Wi-Fi nas minas, assim como o sistema “Prontos”, específico para o trabalhador, que atua na análise da atenção, controle de impulso e reação do operador.
Henrique Vigário, da Vale Base Metals, apontou que o futuro da mineração subterrânea será marcado por minas mais profundas, com maior complexidade operacional e exigências ambientais elevadas. Para manter os pilares de segurança e sustentabilidade, ele defendeu o investimento em automação, gestão de sismicidade e operação integrada. “Temos um centro remoto que controla todas as minas, com resposta muito mais rápida em caso de emergência”, afirmou.
O Seminário Avanços da Legislação de Mineração Subterrânea busca estimular o debate sobre as condições operacionais da mineração subterrânea no Brasil e sobre os avanços recentes da legislação trabalhista, ao reunir especialistas, representantes do poder executivo, legislativo e judiciário e empresas que atuam no setor de mineração no país.
Organizado pela ABPM em parceria com o Comissão de Direito Minerário da OAB-DF, o evento mostra que soluções negociadas em curso e a consolidação dos entendimentos sobre o arcabouço legal são o caminho para elevar os padrões de saúde e segurança ocupacional, reduzir os riscos de acidentes e de exposição dos trabalhadores, promover a qualidade de vida no trabalho e alinhar essas práticas à evolução técnica e econômica do setor mineral.
Fonte: https://minerabrasil.com.br/minas-subterraneas-contam-com-tecnologia-de-ponta-para-oferecer-seguranca-aos-trabalhadores/2025/09/24/