Mineração brasileira mira crescimento sustentável e investimentos em minerais críticos

Invest Mining reuniu executivos do setor mineral e do mercado de capitais na Faria Lima para debater o potencial econômico dos minerais críticos, a descarbonização da indústria e os caminhos para uma mineração mais sustentável e inovadora.
O potencial econômico dos minerais críticos na transição energética global e o papel estratégico da mineração foram os temas centrais do 2º Invest Mining 2025, realizado no Auditório Baleia, na Avenida Faria Lima, em São Paulo nesta quarta-feira (22/10). O evento reuniu executivos do setor mineral brasileiro para discutir o crescimento sustentável da mineração brasileira.
No painel de abertura, com o tema “A mineração na transição energética”, que teve Miguel Nery, da Invest Mining como moderador O CEO da BHP, Emir Calluf, falou sobre minerais do futuro, como cobre, minério de ferro e potássio, elementos cruciais para a descarbonização e a demanda crescente por energia limpa.
O executivo da BHP abordou os desafios para o setor, como a queda de teores minerais nas minas pelo mundo – como é o caso do cobre –, a complexidade dos licenciamentos ambientais e a escassez hídrica. De acordo com ele, a BHP tem como meta reduzir em 30% as emissões de carbono até 2030 e zerá-las até 2050.
O executivo destacou a importância de se unir esforços na indústria mineradora para mitigar os impactos ambientais e incluir a sociedade. “Não há mais espaço para uma mineração que não atue junto à sociedade, que não inclua as comunidades e os governos, para encontrar as melhores soluções possíveis para a sociedade. A mineração tem que ser uma atividade que beneficia a todos”, concluiu.
Já o CEO da B3, Gilson Finkelstein, ressaltou o protagonismo do Brasil como fornecedor global de minerais para a indústria e a transição energética, destacando o papel da B3 em viabilizar mais de cem projetos por meio do mercado de capitais e apoiar iniciativas voltadas à sustentabilidade, com foco em transparência e governança.
Cooperação canadense
Entre as parcerias estratégicas da B3 ele citou a cooperação com a bolsa de Toronto, no Canadá, para listar empresas de pesquisa mineral, unindo experiência internacional e infraestrutura local para ampliar a captação de recursos e o diálogo entre agentes do setor.
O diretor do BID Invest para a área de mineração, Juan Parodi, apresentou a visão do braço privado do grupo sobre o setor. Ele enfatizou a importância do Brasil na cadeia global de minerais para tecnologias como baterias elétricas, citando o papel do financiamento responsável ao longo de toda a cadeia de valor.
“É fundamental que possamos atrair recursos para a descarbonização sustentável, em um trabalho integrado que reúna governo, mercado de capitais e empresas de tecnologia”, afirmou. Segundo ele, o BID busca fomentar parceria com o governo para apoiar projetos e políticas que tornem o Brasil referência em transformação mineral, agregando valor e promovendo sustentabilidade.
O diretor do BNDES, José Gordon, disse que o Brasil está posicionado como um dos grandes players mundiais nas duas grandes agendas estratégicas globais: a transição energética com foco na descarbonização e o avanço da digitalização da economia.
“O governo federal tem apoiado o setor com ações estratégicas”, disse ele, citando um fundo em parceria com a Vale para pesquisa mineral e um edital que selecionou 46 projetos com investimento de R$ 56 bilhões para transformação mineral.
Tecnologia e inovação
Ele destacou a importância de se investir em tecnologia e inovação para o crescimento do setor mineral brasileiro, com o apoio conjunto do BNDES, do mercado de capitais e do setor privado, em uma ação que possa garantir geração de empregos, renda e desenvolvimento tecnológico.
A secretária de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério das Minas e Energia, Ana Paula Bittencourt, abordou os desafios do setor, como a necessidade de maior rapidez nos processos de licenciamento ambiental. Ela destacou a implementação de uma nova estrutura na Agência Nacional de Mineração, com uso intensivo de tecnologia, inteligência artificial e automação para dar mais celeridade e transparência ao setor.
Outra iniciativa importante na modernização do setor, segundo ela,
foi a implementação do Conselho Nacional de Política Mineral, “um avanço importante para o fortalecimento da regulação, ampliação do conhecimento geológico e cumprimento da agenda regulatória”.
O tema central da segunda edição do evento destacou “A importância econômica da mineração no cenário de transição energética”. A programação do evento contemplou uma série de painéis que abordarão o desenvolvimento das cadeias de minerais críticos no país, os projetos estratégicos em andamento, os desafios para implantação de empreendimentos e os mecanismos disponíveis de financiamento voltados ao setor mineral. Também serão debatidas soluções para alavancar o papel do Brasil na produção e fornecimento de minerais essenciais à nova economia de baixo carbono.
O Invest Mining Summit 2025 tem o patrocínio de empresas e entidades de destaque no cenário mineral e financeiro, entre elas: BHP, Itaú BBA, Vale, Geosol, Fronteira Minerals, Meteoric Resources, Alvarez & Marsal, Lefosse Advogados, MGLIT, GE21 Consultoria Mineral, Ígnea Geologia e Meio Ambiente, Ore Mining Investments, Viridis, Mining Minerals, Tozzini Freire Advogados, XP Investimentos e Prisma Capital.