Projetos minerais exigem novas estruturas de financiamento, afirma diretor do BNDES

Parcerias entre bancos, traders e gestores, aliadas a contratos sólidos e garantias, surgem como resposta à falta de histórico das junior companies e podem transformar projetos minerais promissores.

Em painel do Invest Mining Summit 2025, representantes do BNDES, Itaú BBA, Prisma, Macquarie e Glencore defenderam complementaridade entre agentes e instrumentos — de debêntures de infraestrutura a estruturas híbridas e contratos de off-take — para destravar o financiamento de projetos minerais no país.

O moderador Flávio Mota, diretor do BNDES, abriu o painel lembrando que a atuação do banco vai além do financiamento e passa por articular cooperação entre agentes para aproveitar uma janela de oportunidade para o Brasil. “Acreditamos fortemente na capacidade do Brasil em assumir o papel de liderança no fornecimento de materiais críticos e estratégicos sustentáveis na agenda global.” 

Em seguida, Mota reforçou que o BNDES busca integrar produtos – dívida, equity, pré-pagamento de royalties — e trabalhar em conjunto com casas financeiras e investidores para construir produtos de financiamento adequados ao setor mineral.

Alan Batista, diretor do Itaú BBA, trouxe ênfase nos instrumentos de mercado e nas cláusulas contratuais que podem destravar capital, destacando o papel das debêntures de infraestrutura como alavanca para o setor. “o setor de debênture de infraestrutura é muito forte para a infraestrutura como um todo no Brasil, um dos principais motores de financiamento para o setor.” Alan também apontou a importância de cláusulas para liberar garantias mediante desempenho e assim atrair capital bancário e estruturado para projetos de maior risco.

O diretor da Prisma Capital, Lucas Canhoto, detalhou a necessidade de criatividade nas estruturas de capital e a importância de flexibilidade contratual para resolver problemas que apareçam em projetos em desenvolvimento. “A gente tem que ser super criativo nos modelos de financiamento”, disse Canhoto, e explicou que o Prisma combina equity, dívida híbrida, royalties e mecanismos para garantir fianças bancárias, além de defender direito de assunção do projeto financiado como ferramenta para permitir intervenções sem provocar vencimentos antecipados, que prejudiquem a recuperação.

Complementaridade entre bancos e traders

Rodolfo Soares, da Macquarie Capital, ressaltou a vocação do grupo para infraestrutura e gestão de risco, e a vantagem de trazer soluções físicas e de trading de longo prazo ao balanço para dar liquidez e prazo ao mercado. “Tomamos a decisão estratégica há mais de um ano que mineração está no topo da nossa agenda”, afirmou, ao mesmo tempo em que advertiu para a necessidade de parceiros locais e consultoria técnica para checar projetos no terreno, além de atenção rigorosa a licenciamento e infraestrutura, fatores que frequentemente determinam o sucesso operacional.

Felipe Fidalgo, da Glencore, lembrou que o papel dos traders é tornar viáveis as operações ao conectar empresas compradoras, prazos e capital, e colocou ESG e relacionamento com comunidades no mesmo nível de prioridade que recursos e capex. “Ninguém toma risco sozinho e ninguém financia sozinho.” O painel convergiu na necessidade de capital paciente e coordenação entre as diferentes classes de credores para enfrentar volatilidade, riscos de execução e exigências socioambientais, expresso na fala de Mota: “Necessidade de harmonia entre os agentes que estão ali operando”, concluiu 

 Link evento: https://www.youtube.com/live/3CaVRhjYbbk?si=u5pmI2TOdziEVILj

 O tema central da segunda edição do evento destacou “A importância econômica da mineração no cenário de transição energética”. A programação do evento contemplou uma série de painéis que abordaram o desenvolvimento das cadeias de minerais críticos no país, os projetos estratégicos em andamento, os desafios para implantação de empreendimentos e os mecanismos disponíveis de financiamento voltados ao setor mineral. Também serão debatidas soluções para alavancar o papel do Brasil na produção e fornecimento de minerais essenciais à nova economia de baixo carbono.

O Invest Mining Summit 2025 tem o patrocínio de empresas e entidades de destaque no cenário mineral e financeiro, entre elas: BHP, Itaú BBA, Vale, Geosol, Fronteira Minerals, Meteoric Resources, Alvarez & Marsal, Lefosse Advogados, MGLIT, GE21 Consultoria Mineral, Ígnea Geologia e Meio Ambiente, Ore Mining Investments, Viridis, Mining Minerals, Tozzini Freire Advogados, XP Investimentos e Prisma Capital.

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