Pedidos de pesquisa mineral diminuem com ‘tempestade perfeita’

O número de pedidos de pesquisa mineral em Minas Gerais continua em queda substancial. Entre janeiro e março deste ano, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu 295 requerimentos, 200 a menos na comparação com o mesmo período de 2024. No ano passado, as solicitações haviam caído 35,7% em relação ao exercício anterior.
Na avaliação do presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), Luis Mauricio Ferraiuoli Azevedo, os resultados negativos são fruto de uma “tempestade perfeita”, envolvendo a escassez de áreas livres, a desvalorização de minerais críticos e a elevada taxa de juros no Brasil.
Segundo Azevedo, há cerca de 200 mil áreas bloqueadas na ANM e quase metade já deveria ter ido à oferta pública. O executivo pondera que a autarquia enfrenta dificuldades por falta de recursos e não consegue redisponibilizar áreas renunciadas por empresas que examinaram superficialmente, não viram potencial e desistiram de desenvolver projetos.
“A agência criou um processo de disponibilidade que é complexo e moroso. Ao mesmo tempo em que para requerir uma área eu levo dois dias, do momento em que devolvo essa área, até que ela volte a ficar livre, está levando mais de cinco anos”, ressalta. “Existem espaços que estão ociosos e que poderiam estar disponíveis para o mercado”, enfatiza.
Baixa nos preços do lítio e terras-raras
Conforme o presidente, o País tem em torno de 110 empresas estrangeiras que investem em pesquisas minerais, das quais 82 junior companies, sendo 50% voltadas para minerais críticos, como lítio e terras-raras. Como essas commodities sofreram baixa significativa nos preços nos últimos tempos, as mineradoras foram afetadas, refletindo também nos pedidos.
“Elas perderam valor de mercado e, consequentemente, perderam atratividade e capacidade de endividamento via equity, ou seja, emitir ações para pegar dinheiro. Isso limita a atividade dessas próprias empresas”, afirma. “E é um cenário de pouca atratividade de oferta, então não tem empresa nova vindo para o Brasil”, completa.
Ilustrando a situação, Azevedo diz que, recentemente, analisou 35 junior companies e observou que, entre abril de 2024 e abril de 2025, 31 perderam valor de mercado. No caso das maiores mineradoras, ele pondera que a Sigma Lithium (de lítio) perdeu 44% e a Meteoric (de terras-raras) teve uma queda percentual semelhante.
Juros altos no Brasil
Outro ponto com reflexo nos requerimentos são os juros altos no País. De acordo com o executivo, o aumento na taxa de juros – atualmente em 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016 – tem efeito sobre a poupança, e os investidores que injetam dinheiro em companhias de pesquisas minerais, passam a aplicar recursos na renda fixa.
Alvarás de pesquisa mineral também caem
O volume de alvarás de pesquisa mineral no Estado também segue caindo. No primeiro trimestre deste ano, a ANM protocolou 244, 342 a menos em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Na comparação entre 2024 e 2023, as autorizações tinham recuado 17,2%.
Fonte: Diário do Comércio
https://diariodocomercio.com.br/economia/pedidos-de-pesquisa-mineral-diminuem-com-tempestade-perfeita/